Quartou | Olha aonde nós chegou
Ao som do funk de MC Menor MR e MC Dede, pré-jogo da primeira final foi hit do passado e clássico do presente para o Água Santa

Torcida do Água Santa nas arquibancadas da Arena Barueri (Foto: EC Água Santa/Reprodução)
É clássico um feito no esporte ganhar uma trilha. Nem sempre o caminho é tranquilo ou com volta olímpica no final. Tem imprevistos, dores e superação. Uma música pode virar o tema. Emplacar como embalo, grito ou hino. No último domingo (2), o som de MC Menor MR e MC Dede – “Aonde Nós Chegou” – foi para além de uma música de fundo e ecoou por todo o pré-jogo de Água Santa x Palmeiras. Os microfones captavam a melodia e a ideia do funk, sublinhando as falas de comentaristas, repórteres e narradores. Essa introdução antes da bola rolar se fez hit pelos acontecidos do passado da equipe da região do ABC Paulista e premonitória para o que aconteceria na Arena Barueri.
Mais que apenas sobre um dia da vida do Água Santa, a canção pareceu feita nas batidas do time de Diadema – para o mundo. O sonho que brotou pelos campos da várzea fez toda uma comunidade desfrutar. A Praça da Moça – com telão e torcida – foi a prova viva de uma tarde de Copa do Mundo na cidade. É o que é o Paulistão para a maioria do times. Quem discorda é porque não é finalista. Um título estadual é o ápice. Reforça o verso perfeito para o refrão de uma letra que narra bem a história do time amador que desafiou o profissionalismo.
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Puxando outros cantares, para o Água Santa também caberia um “deixa a vida me levar”, essa sobre quem trocou os gramados batidos pelos beats das arenas. Outros palcos, outro projeto. Sem menosprezo. Com orgulho. Vencedor. E se o crítico lançar sua análise somente pelo Lado B dessa fita, a de que o Netuno ainda não ganhou nada, sinto muito, estará completamente fora do tom.
Cada nota neste Paulistão foi música para os ouvidos e coração. Vitórias contra os rivais da região Santo André e São Bernardo FC, fora de casa, no Bruno José Daniel e no Primeiro de Maio, respectivamente. Classificações para a Série D e Copa do Brasil de 2024. Mesma pontuação do São Paulo na fase de grupos e eliminação do Tricolor nas quartas. Na semi, o eliminado foi o milionário RB Bragantino. Todo esse repertório forma um concerto.
No primeiro jogo da final, o maestro foi Thiago Carpini. O treinador teve sua mão na organização e concentração do conjunto. Ygor fechou o gol. A defesa foi muito provocada no início dos dois tempos. Resistiu. O meio de campo foi orquestrado para jogar nos espaços. Toques fáceis. Marcação intensa. Nos acréscimos, numa saída rápida, Lucas Tocantins carregou a bola por todo campo de ataque, sua finalização foi travada e o lance gerou um escanteio. Na cobrança, Bruno Mezenga cabeceou para a rede. Depois do intervalo, Endrick empatou. Parecia um repeat, de novo o Palmeiras começou melhor. E foi mais do mesmo. Como um remix. Aos 44’, o camisa 9 do Água Santa venceu novamente Weverton e fez o placar da ida, 2 x 1.

No próximo domingo (9), o DJ não será do Netuno. No Allianz Parque, a música será escolhida pelo time da casa. O coro será na voz da torcida que canta, vibra e abafa o hino nacional. Atrás no compasso da decisão, o Palmeiras pode até tentar ditar o ritmo da dança, mas o Água Santa vem provando que está pronto para todo e qualquer baile do nosso bom e velho futebol.