Instituto Federal no Grande ABC é anunciado por Lula

O ABCDMRR terá mais dois espaços de formação pública para desenvolvimento profissional e econômico da região

Audiência Pública em Ribeirão Pires do Movimento Pró - IFABC

O hómi falou e agora tá falado! A luta por um IF – ABC não é de hoje e, em 2022, foi lançado o Movimento Pró IF-ABC (Pró-criação do Instituto Federal do Grande ABC) que é composto por trabalhadores de diferentes áreas, professores, estudantes, agitadores culturais, técnicos, lideranças sociais e moradores da região. Esse grupo vem ocupando espaços de fala para indicar a importância de ter um IF na região e como isso vai melhorar a empregabilidade e a formação de jovens e adultos do ABCDMRR.

Audiência Pública – Movimento Pró Instituto Federal no ABC, em destaque na tribuna Mirna Busse Pereira

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem no ABC seu berço político e em visita à Volkswagen em São Bernardo do Campo, nessa sexta-feira (2), anunciou a criação de dois Institutos Federais na região, um em Mauá e outro em Diadema.

Segundo o texto base do Movimento Pró Instituto Federal do ABC, os Institutos Federais são “Instrumento de transformação e enriquecimento de saberes (acadêmicos e populares), o que colabora para alterar a vida social, inovar as perspectivas que emergem das rápidas transformações do mundo do trabalho e dar maior sentido à vida e à experiência humana”, tudo isso, favorecendo o desenvolvimento econômico e a qualificação da mão de obra local.

E o setor cultural? Onde fica nisso? Fica dentro do IF – ABC

Uma das propostas do Movimento Pró IF – ABC é ter cursos direcionados às áreas da Cultura e das Artes, como Gestão Cultural e Formação de profissionais nas diferentes linguagens artísticas. Conversamos com a Presidenta do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC) de Ribeirão Pires, Fernanda Henrique, que participa ativamente do Movimento e perguntamos o que ela, como trabalhadora da cultura e representante da sociedade civil, achou desse anúncio. “Os cidadãos do ABCDMRR ficam felizes com a notícia do IF e que ele possa abrigar um curso de artes e garantir uma grade curricular que dialogue com o desenvolvimento econômico da região atendendo nossa demanda”, disse. E ainda convoca, “artistas, fazedores e trabalhadores da cultura bora juntar nessa luta para ter um curso profissionalizante dentro do IF ligado as Artes”.

Fala de Fernanda Henrique na Audiência Pública do Movimento Pró – IFABC, em Ribeirão Pires

O Movimento Pró IF – ABC através de encontros virtuais e presenciais nas sete cidades da região detectou demandas de formação educacional e agrupou em três grandes áreas de ensino, formação e qualificação profissional e técnica. São as áreas de Cultura e Artes; Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade; além de Formação de Professores/Gestores para a educação básica. Os integrantes do Movimento indicam que essa foi uma grande conquista, mas que a organização da sociedade civil precisa continuar fortalecida para garantir que o IF seja um espaço de formação pública com qualidade, que tenha participação da comunidade local e uma construção pedagógica autônoma que estará atenta as novas possibilidades de ensino (formal e não formal) levando em consideração as culturas e movimentos da região.

A profissionalização das e dos trabalhadores culturais esteve presente na Conferência Estadual de Cultura do Estado de São Paulo e, mais enfaticamente, na Conferência Temática de Trabalhadores da Cultura que aconteceu mês passado na capital paulista. Os debates trouxeram à tona discussões como previdência e seguridade social para artistas, formação de gestores, acessibilidade e outras demandas que cooperam para o desenvolvimento do setor e dignidade para trabalhadores.

Garantir a qualificação do profissional da cultura é diminuir a informalidade no setor e superar a precariedade das formas de trabalho que nem sempre são dignas ou valorizadas. Deryk Santana, diretor de Políticas para Trabalhadores da Cultura do MinC destacou o alto índice de informalidade no mercado cultural, que varia de 36% a 42%. “Temos muita dificuldade de garantir direitos para quem é informal. Então é fundamental estabelecer uma política de formalização desses trabalhadores”, indicou. Assim, com essas e outras discussões afloradas na espera da gestão cultural, puxadas pelo MinC e pela sociedade civil, é preciso reconhecer a necessidade de ter espaços de formação dos profissionais da área entendendo suas especificidades e demandas.

Conferência Estadual de Cultura do Estado de São Paulo, realizada no último mês de janeiro

A região do ABCDMRR tem potencial de desenvolvimento econômico no setor cultural e carrega em sua história grandes lutas pela formalização de artistas e a criação de políticas públicas de fomento, difusão e formação cultural. O objetivo dessas empreitadas foram e são a geração de empregos e transformações socioculturais, visto que a cultura é um setor transversal que colabora com a segurança pública, saúde, economia local e diretamente ligada a educação. Como a presidenta do CMPC de Ribeirão Pires e integrantes do Movimento Pró – IFABC salientaram, o anúncio do Presidente Lula é uma grande conquista, mas de longe não é o fim da luta, os movimentos precisam continuar atentos e fortalecidos para garantir as propostas e a participação social nas decisões da gestão e formação cultural.

Ser artista no Brasil é ser realizadora, curiosa e saber que para cada aplauso recebido existem várias lutas para continuar em cima do palco.


Viva o Movimento Pró – IFABC!

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