Fevereiro: viva o Carnaval
Em Ribeirão Pires é tradição: a cidade é avenida para os desfiles do Maracatosco e Bloco dos Gêmeos

Concentração do Maracatosco, na Praça da Matriz, em Ribeirão Pires (Foto: Território Livre Fm)
Fechando as notas de mais um mês, fevereiro passou – melhor – desfilou pelo calendário da vida. Viva! Não somos responsáveis direto por bloco, mas estamos na ala que acredita na construção popular do Carnaval ribeirãopirense. Artistas, entusiastas, iguais, diferentes, famílias e bonecões fizeram, fazem (e vão fazer) a harmonia nota 10 com a bateria, que não poupa no tom. Somos mais um dessa e nessa linda multidão. Ô abre alas que vamos passar… Desfilar!
Na comissão de frente a festa do povo é enredo certo na rádio comunitária de Ribeirão Pires toda sexta-feira pré-desfiles. É a nossa entrada, pedido de licença com toda seriedade para o brincar carnavalesco. O coração pulsa no bate-papo ritmado – já conhecido de outros carnavais – com componentes do Maracatosco e Bloco dos Gêmeos, amplificando suas histórias de fundação, relevância e continuidade da tradição na Estância. Salve, os blocos! Veja abaixo o programa Território Livre Fm que foi ao ar no último dia 9 de fevereiro:
https://www.youtube.com/watch?v=h3799vv7LzM
Na passarela do samba da gente, linha do trem faz parte da harmonia, rua vendida vira alegoria que aperta, mas não sufoca. O coro se ajunta, se percebe, incômodo vira canto, “se essa rua fosse minha” ou fosse nossa, a certeza é de que um preço – a quadra localizada no Centro Novo – não teria. Sem rasgar a fantasia, o carnaval de rua corta a área central da Estância, samba sobre o asfalto esfarelado, tropeça no pedaço de calçada solto e joga luz sobre uma praça sem iluminação. É um ato político, crítico e sensível aos problemas do dia a dia. A paradinha dos instrumentos é silêncio preenchido pelo compasso do movimento coletivo.

Na evolução de cada ano, o Carnaval é sempre história, encontro e comunitário. O samba-enredo organiza palavra por palavra e na melodia vira roteiro, resgata capítulos apagados em outrora e o confete ganha o recorte como o de um manifesto paulistano, que o diga o Vai-Vai, nas rimas do seu – para sempre – ‘Capítulo 4, Versículo 3, da rua e do povo, o Hip Hop’. Sentiu o peso? Sentiram.
A não parte da festividade fica com o alegórico incômodo de algumas instituições, pela extrema-direita e pelo governador de São Paulo. É aquela nota quebrada que a gente descarta, não serve para a somatória de tudo que representa o Carnaval, por suas fazedoras e fazedores. É o cordão que não arrebenta, resiste às tensões, se comunica com o público mesmo com a política de uma gestão que investe em pular os dias de Carnaval – como aqui em Ribeirão Pires – e não em oferecer meios e investimentos que fortaleçam o pular popular do Carnaval. Silêncio!
É o grito livre, independente, recreativo, da estação, dos acadêmicos, unidos, da Mocidade e do Viradouro, das campeãs, de todas e todos nós que nos encontramos no Carnaval.