Sobre a visita de um presente-livro-amigo; uma equação simples, mas complexa
Escritos a partir da leitura de ‘O avesso de um produto ou Uma das flores do povo’, de Enrique A. de Oliveira A., da Edição Barata
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Em tempos de pandemia receber uma visita deixou de ser algo do cotidiano, uma sessão da tarde com café e biscoitos. As portas estão fechadas, pelas frestas e janelas entram a luz. Passa também o grito trabalhador do carteiro. Estava mesmo por chegar via correio um conto em meio as contas, havia me escrito um dia desses o remetente. E chegou! Agradeço o mensageiro que nos aproximou. Que trouxe um livro-amigo-presente. Um amigo-presente-livro. Um presente+livro+amigo. Três em um. Ou um em três. Equação simples, mas complexa.
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Vejamos o exemplo: x representa o valor, logo, não pode ser comparado ao mesmo significado da palavra preço, que é igual ao que já foi tabelado, definido, com uso e desuso pré-estabelecidos. Assim, diante de uma fórmula-livro que vale me tocar as ideias com palavras organizadas em frases somadas em linhas traçadas no horizonte por um encontro concreto em meio a barra do distanciamento, não haveria de ter um preço para tanto valor. Ponderei esses fatores, subtraí ausência e aceitei multiplicar pela convocatória.
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Já não há risco sozinho, a leitura vira rabiscos de giz num quadro infinito barato de pensamentos caros e cálculos sobre o quanto se é livre. Elevo a potência para o ponto futuro, descarto os parênteses do passado, abro as chaves do presente para folhear por folhas e flores que brotam sentidos de liberdade, a que só pode ser se for para seres.
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De um jeito que a matemática seja plural. Onde o um mais um são três e contando. Uma ciência do avesso, de fora pra dentro pra fora, e já nada parece o mesmo, nem o conto, nem quem conta, pelos cantos já sinto que sou um pouco disso tudo e tudo disso é um pouco de mim. Por isso, escrevi, para ser menos acúmulo e mais fração, divisão, porção, afinal, ler semeou a planta(ação) base, equalizou a raiz que de nada é quadrada.
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Após o último ponto, voltei os olhos para a casa decimal que estava e percebi a diferença, depois da vírgula ela ficou povoada, pelo ‘O avesso de um produto ou Uma das flores do povo’ e suas referências; uma arte milimétrica e de grandes proporções por Enrique A. de Oliveira A., da Edição Barata; Um livro feito por mãos trabalhadoras, como tudo no mundo, como meu presente, livro e amigo descrevem.
Caramba, Léo! Eu to besta de tão feliz com suas palavras! Valeu por essa visita! No sentimento profundo de ser povo, a gente consegue se encontrar quase telepaticamente.