Diário da Copa | Dia 3 e os clichês nada clichês

Não se vence nem se perde uma Copa do Mundo antes da hora

Argentina perde para Arábia Saudita na estreia da Copa do Mundo 2022 (Imagem: FIFA/Reprodução)

Não há jogo ganho antes do apito final. Parece clichê e é. Toda Copa do Mundo tem ao menos uma seleção que viaja da lista de provável favorita para o ranking dos maiores tropeços da história. Neste ano, a Argentina chegou ao Catar com uma bagagem de respeito. Invencibilidade de 36 jogos, título da Copa América sobre o Brasil no Maracanã, vitória incontestável sobre a Itália, atual campeã da Europa, e o ciclo perfeito ficou melhor com a definição do adversário de estreia – a Arábia Saudita – sem tradição em mundial, sem estrelas nos grandes clubes do planeta e nada cotada para avançar de fase.

Pronto. Pacote perfeito, porém, não é só assinar e curtir a viagem. Copa do Mundo não é excursão. Nada é fechado com antecedência, o próprio roteiro guarda suas surpresas do momento, o Inesperado Futebol Clube fica sempre por ali preparado para entrar em campo e, por isso, tão somente por esses motivos é que fazem do jogo tão popular e do tamanho que é. Outro clichê? Mas alguém discorda? Agora, o deslize no percurso é motivo para fazer as malas? Também não.

O mesmo vale para o outro lado. Ainda com o 2 x 1 de virada e o peso que o placar representa traduzido pelo tradicional close da câmera em um Messi sem expressão como quem estivesse pensando – e agora?, não dá para dizer que a derrota dos hermanos para a Arábia Saudita decretou a sentença da Argentina no Catar. Soa como outro clichê, mas a Espanha de 2010 começou perdendo para a Suíça e fechou a sua campanha na África do Sul vencendo a Holanda, comemorando o título de campeã daquela edição.

Nesse esporte de clichês sem clichê nenhum, o melhor do mundo de tempos não tão distantes, Messi, marcou de pênalti. O vencedor de 2020 e 2021, Lewandowski perdeu uma cobrança contra o sempre paredão de Copa do Mundo, Ochoa. O goleiro mexicano defendeu o 0 x 0, placar idêntico ao jogo anterior da tabela entre Dinamarca e Tunísia. A combinação superou a edição da Rússia-2018, que contou apenas com um placar zerado em toda competição, naquela época protagonizado pela Dinamarca, mais uma vez, e pela França, que mais tarde ficaria com a taça.

Aliás, no Catar, os franceses começaram assustando sua torcida. No mesmo lance, logo aos 9′, o lateral Lucas Hernández sentiu uma lesão no início da jogada que, na sequência, rendeu o gol de Goodwin para a Austrália. O jogador será desfalque para o treinador Deschamps e aumentou uma lista já estrelada por Kanté, Pogba e Benzema, último Bola de Ouro, para citar alguns nomes. Tragédia demais para quem pretende defender o campeonato. Qual seria o clichê, porque, se tudo ia preocupante, a seleção comandada por Mbappé não se abateu, virou a chave e goleou por 4 x 1. Giroud, que passou a campanha vitoriosa de 2018 sem balançar a rede, fez dois somente na abertura. Assim segue a Copa, de clichês e não clichês.

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