Paris 2024 | Brasil na Olimpíada e mulheres no pódio
Responsáveis por 13 medalhas, as atletas brasileiras levaram e elevaram os números brasileiros nos Jogos Olímpicos
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Fotos: Alexandre Loureiro/ Alexandre Loureiro/ Gaspar Nóbrega/ COB/
Altos e baixos. O esporte é assim. A Olimpíada é mais. O ciclo até os jogos é longo, quatro anos, o tempo de emoção entre uma disputa e outra é curtíssimo. Vitória, derrota, glória e frustração passearam pelas arenas de Paris-2024. É do jogo. Cada atleta sentiu de uma forma. Na torcida, a gente que lute, corra, salte e chore junto. Assim foi, foram 20 medalhas, alguns “quase” e muita alegria pelo sentimento de representatividade do que é ser Brasil.
Em pouco mais de duas semanas, fomos do machucado provocado por algumas derrotas individuais no judô as cicatrizes que viraram um bronze por equipes. No vôlei, sacamos que seria difícil chegar no masculino, mas o feminino ganhava força em duas frentes. Na quadra, a jornada rendeu o bronze. Na praia armada aos pés da Torre Eiffel, o Brasil voltou ao lugar mais alto do pódio com Ana Patricia e Duda. São coisas do esporte, tombo e salto. Rebeca Andrade, em um dia intenso de ginástica artística, fez uma sequência que escapou as primeiras colocações em um aparelho e, horas depois, cravou o ouro – histórico – no solo. Esperança é bateria. Se faltou onda no primeiro momento, a mesma natureza se encarregou pela carga suficiente para uma brasileira – pela primeira vez – surfar rumo ao pódio.
E são elas! As mulheres levaram e elevaram o Brasil em Paris-2024. Beatriz Souza, no judô, Rebeca Andrade, na ginástica artística, e Ana Patricia e Duda, no vôlei de praia, alcançaram o lugar mais alto do pódio, donas das três medalhas de ouro do Time Brasil, que terminou Paris-2024 na 20ª colocação geral, distante duas medalhas do recorde histórico.
Também foram medalhistas: Larissa Pimenta (judô), Rayssa Leal (skate street), o conjunto brasileiro formado por Júlia Soares, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira, Jade Barbosa e Rebeca Andrade na ginástica artística, Bia Ferreira (boxe), Tatiana Weston-Webb (surfe), as seleções de futebol e vôlei, além das atletas presentes na equipe mista de judô.
Histórico!
Já era história quando a delegação brasileira partiu para a França – de forma inédita – com a maioria formada por atletas mulheres. O número fechou ainda mais no positivo, em Paris-2024, quando colocado no quadro todas as conquistas. As brasileiras foram protagonistas em 13 medalhas, somando, também, a luta decisiva de Rafaela Silva na disputa por equipes mistas no judô. Algumas modalidades, principalmente as coletivas, voltaram ao pódio nesta Olimpíada depois de um hiato, casos do vôlei de praia e o futebol feminino.
Ah, o futebol…
Se a fase de grupos terminou cheia de preocupações com o resultado apertado na estreia contra a adversária mais fraca – a Nigéria, a derrota de virada nos acréscimos para o Japão e o jogo diante da Espanha que, além do 2 x 0 contra, levou Marta a suspensão e tirou Antônia do restante de Jogos Olímpicos, depois de tanta bola fora, tudo mudou. A classificação foi confirmada e daí a necessidade de zerar o game.
O Brasil cumpriu bem a missão. Recomeçou. Tratou o mata como uma nova oportunidade, um novo torneio e a chance – nos pés – de fazer história. Fez! Eliminou a França em casa. Lorena defendeu pênalti, Gabi Portilho marcou o gol decisivo e o conjunto tratou com muito equilíbrio os quase 20 minutos de acréscimos. Primeira vitória do futebol brasileiro contra as francesas.
Na semi, novo encontro com as atuais campeãs do mundo. A seleção brasileira dominou a partida. Na defesa, Lorena, novamente, foi decisiva quando acionada. Uma parede. No ataque, além dos quatro gols, um acúmulo de chances perdidas. A Espanha – algumas vezes surpreendida – foi poupada de um 7 x 1 para chamar de seu. Pódio garantido, despedida de Marta com a glória que era projetada para alguém com uma carreira tão representativa e, pela terceira vez em Olimpíadas, os EUA na disputa pelo ouro.
A grande final começou equilibrada, o Brasil teve chances, se defendia, mas viu em um lance de velocidade o placar aberto pelas adversárias. O 1 x 0 para as estadunidenses permaneceu até o fim. A medalha de prata foi uma grande conquista – delas e para quem aprecia o futebol – em um trabalho de seguidos recomeços e que do pódio olímpico deve olhar para a Copa do Mundo de 2027 – que será realizada em solo brasileiro.
Torcida diário
- Dia 6 (quinta-feira, 1)
O bom dia foi com uma medalha de prata. Caio Bonfim terminou os 20km da marcha atlética na 2ª colocação. Em outra modalidade, mas liderando o pelotão e alternando a liderança como numa corrida, Rebeca Andrade e Simone Biles protagonizaram a disputa no individual. Na beleza, emoção e maratona de aparelhos, o Brasil garantiu mais uma prata.
- Dia 7 (sexta-feira, 2)
Sexta-feira dourada. Beatriz Souza, no judô – categoria acima de 78kg, tirou o último zero do Brasil no quadro de medalhas. Sua luta, vitória e palavras tiraram lágrimas de muita gente. “Deu certo, mãe. Eu consegui. Foi pela vó”, disse a judoca logo depois de se tornar campeã olímpica.
- Dia 8 (sábado, 3)
Dia de seleção. Que acerto a disputa por times no judô. É o round que fecha a modalidade. Na estreia, o Brasil eliminou o Cazaquistão e, em seguida, caiu para a Alemanha. Na repescagem, vitória sem susto sobre a Sérvia. Na disputa pelo bronze, a Itália. O jogo parecia encaminhado quando o placar anotava 3 x 1 para a equipe brasileira. Ketleyn Quadros quase definiu. Duas derrotas e o empate italiano. No duelo desempate, a roleta convocou Rafaela Silva. Sorte a nossa. Que desfecho perfeito. Golpe aplicado e medalha no peito.
Na disputa pelo ouro, Japão e França se reencontraram. Um clássico. Seria a revanche de Tóquio-2020? Os japoneses ficaram perto do troco, mas foi o bicampeonato francês. A mesma roleta definiu Teddy Riner para a última luta, a do título olímpico e do capítulo perfeito para a história do esporte.
No gramado, o Brasil levou a seleção da casa ao chão. Foi a primeira vitória contra a França no futebol feminino. Que bela estreia. Se a ideia era recomeçar a caminhada em Paris-2024, o primeiro passo foi um salto direto para a semifinal. Sem jogo fácil, o próximo desafio é contra a Espanha, reencontro com a atual campeã do mundo.
- Dia 9 (domingo, 4)
Hugo Calderano perdeu os dois jogos valendo medalha. A dor dele foi grande. Muito maior é a sua história no tênis de mesa. Pela primeira vez um jogador não asiático ou europeu chegou entre os finalistas. E ele é brasileiro. Gigante!
Cindy Ngamba garantiu a primeira medalha da Equipe Olímpica de Refugiados. A lutadora de boxe não pode defender o seu país de origem, Camarões, devido a sua orientação sexual ser criminalizada. Treinando na Inglaterra, a atleta não possui cidadania inglesa. No Rio-2016, o COI (Comitê Olímpico Internacional) abriu sua bandeira para acolher 10 atletas refugiados. Em Tóquio-2020, o número subiu para 29 e alcançou 36 em Paris-2024, segundo o GE.
- Dia 10 (segunda-feira, 5)
Faltou onda. As baterias finais do surfe foram adiadas algumas vezes, mesmo assim, a previsão não acertou o clima para uma final de Olimpíada. Medina foi eliminado sem qualquer chance de buscar uma avaliação dos juízes. Tatiana Weston-Webb tentou até o último segundo a nota para o ouro, ficou com a prata – conquista muito significativa.
O vôlei masculino do Brasil caiu cedo, embora não tivesse apresentado a confiança de outras gerações sobre a real chance de ir longe. Mais uma edição sem medalha olímpica. Faz falta.
O reconhecimento nas notas. A reverência de Simone Biles e Jordan Chiles no pódio. A consagração da maior atleta olímpica brasileira. Rebeca Andrade é seis vezes medalhista em Olimpíadas, são 2 ouros, 3 pratas e 1 bronze.
A brasileira Bruna Alexandre, no tênis de mesa, tornou-se a primeira atleta a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
- Dia 11 (terça-feira, 6)
Cuba no topo. Na luta greco-romana, Mijain López venceu o 5º ouro consecutivo. Soberano desde Pequim-2008. Único atleta em Olimpíadas com tal feito.
Nas primeiras horas da manhã do Brasil, o vôlei feminino não tomou conhecimento da República Dominicana e avançou para a semifinal. No fim da tarde, no futebol, a Espanha conheceu o melhor da seleção brasileira. O time de Lorena a Gabi Portilho deixou tudo em campo e pode levar mais na decisão do título olímpico.
- Dia 12 (quarta-feira, 7)
Alison dos Santos – candidato a medalha – deu susto, mas se classificou para a final no atletismo – 400m com barreiras. No vôlei de praia, Ana Patricia e Duda avançaram mais uma fase. É semi e com muitas chances da modalidade voltar ao pódio olímpico.
O skate chegou pra ficar. A modalidade entregou de novo em uma Olimpíada. Graça, espírito e habilidade. No park, Augusto Akio fez da última volta o malabarismo preciso e precioso para alcançar o 3º lugar e de lá não sair. Bronze. Pedro Barros, prata em Tóquio-2020, foi o 4º colocado. Luigi Cini na 7ª colocação completou a classificação do Time Brasil, único país com três representantes na final.
- Dia 13 (quinta-feira, 8)
Na maratona aquática, o cenário da prova – o Rio Sena – foi lamentável. Ana Marcela Cunha fechou sua participação, vitoriosa em certa medida, com a 4ª colocação.
Ana Patricia e Duda são finalistas no vôlei de praia. A dupla ganha na versatilidade para defender, armar e atacar. As vezes os três movimentos acontecem com um toque, caprichosamente a bola cai do outro lado da rede. Ponto para o Brasil ter um jogo tão eficiente e bonito em Paris-2024.
No taekwondo, medalha valiosa para o Brasil. Edival Pontes – o Netinho – na categoria até 68kg venceu desafio contra espanhol e conquistou o bronze. O taekwondo brasileiro voltou ao pódio em Paris-2024 depois de Pequim-2008 e Rio-2016.
- Dia 14 (sexta-feira, 9)
Sextou completo. O Brasil ocupou todos os lugares do pódio. foi bronze, prata e ouro.
Isaquiaz Queiroz conseguiu. Prata na canoagem C-1 1.000m, o atleta deu tudo de si para uma arrancada típica de quem tem sede por pódio. Nos metros finais saiu da 5ª posição para se tornar medalhista olímpico pela 5ª vez, com um ouro, três pratas e um bronze.
No atletismo, Alison dos Santos – o Piu – superou os obstáculos da fase classificatória e correu para o bronze nos 400m com barreiras. O velocista repetiu sua conquista em Tóquio-2020.
A dupla Ana Patricia e Duda construiu uma campanha dourada em Paris-2024, com viradas – inclusive na final – sem perder o controle. Entrosamento, confiança e muita leitura de jogo para retornar o vôlei de praia feminino do Brasil ao lugar mais alto do pódio olímpico – 28 anos depois. É ouro!
- Dia 15 (sábado, 10)
O futebol feminino do Brasil fez uma fase de grupos que deixou muita dúvida se poderia ter um melhor desempenho no mata. Teve. Os jogos contra França e Espanha deixaram uma sensação de que faltou pouco para um resultado melhor na final contra os EUA. A prata é para comemorar e muito.
No vôlei feminino, o Brasil não brincou em serviço. Vitória sobre a Turquia, 3 x 1, e mais uma medalha olímpica para Zé Roberto e a geração vitoriosa de Thaísa, Gabi, Rosamaria e cia. Na final, uma campeã inédita, a Itália.
- Dia 16 (domingo, 11)
Dia de despedida e até logo. Mais uma vez a organização de Paris-2024 entregou um espetáculo, desta vez com a cerimônia de encerramento. Os capítulos honraram a história olímpica, sua tradição, celebraram os momentos marcantes vistos pelo mundo durante as duas últimas semanas e, de certa forma, encurtaram o espaço-tempo até Los Angeles-2028. Está aberto um novo ciclo olímpico…
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