Paris 2024 | Cerimônia de Abertura e primeiros dias de Olimpíada

Resenha olímpica e torcida diário

Delegação brasileira durante a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 (Imagem: Helena Petry/COB)

Começou a edição dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Pela terceira vez na história, depois de sediar em 1900 e 1924, a capital da França recebe o maior evento esportivo do planeta. Histórico por si só, vemos, também, a retomada das competições sem as restrições sanitárias necessárias e executadas na Olimpíada de Tóquio-2020, disputada em 2021 devido a pandemia de Covid.

Futebol, handebol, tiro com arco e rugby começaram suas programações na última quarta (24) e quinta-feira (25), tudo isso ainda antes do acendimento da Pira Olímpica. A Cerimônia de Abertura, na tarde brasileira de sexta-feira (26), fez sua contribuição ao capítulo de feitos inéditos, pela primeira vez a celebração foi realizada fora de um estádio. Nas águas do Rio Sena, embarcações apresentaram as bandeiras e delegações dos 204 países participantes, da equipe de refugiados e a de atletas independentes neutros, totalizando 206 comitês. A Grécia, tradicionalmente, puxou a fila. Destaque para a presença da Palestina.

O desfile foi atravessado por entreatos – ao vivo e gravados – que celebraram desde o universo Moulin Rouge, como reconstituíram quadros da Revolução Francesa, além de pinceladas pela ópera, o rock, o circo, a literatura, o cinema e Mona Lisa – de desaparecida do Louvre a flutuante nas águas do rio, cena que antecedeu o hino francês cantado por Axelle Saint-Cirel. Durante a execução, estátuas de dez mulheres francesas, entre ativistas, pesquisadoras e influentes, foram apresentadas às margens do Sena, como proposta de legado, além de reparação e muito simbolismo durante todo o ato entitulado Sororidade.

Na Olimpíada que estreia o breaking como modalidade, o rap colou na cerimônia antes do ato Festividade, aberto por uma disposição de artistas – apontada por lideranças religiosas e políticos intolerantes nas redes sociais como uma reinterpretação desrespeitosa sobre a Última Ceia, de Leonardo da Vinci. Na vida real, segundo responsáveis pelo programa da Cerimônia de Abertura, a obra representada foi o Banquete dos Deuses, de Jan van Bijlert; encenação abre-alas para um desfile de moda em uma das passarelas do cenário cartão-postal. A noite francesa caiu na companhia da chuva.

Homenagens, discursos de autoridades e o último revezamento entre personagens do esporte até o fogo olímpico chegar definitivamente no lugar que marcou a largada para as competições. A Pira Olímpica acesa pela dupla de atletas da casa, Teddy Riner e Marie-José Perec, ganhou o céu tal como um balão. Será a luz durante estas duas próximas intensas semanas esportivas.

Arte!

Exuberante visto aos olhos, a Cerimônia de Abertura de Paris-2024 uniu o clássico e o inédito, um único espetáculo roteirizado em seus mínimos detalhes para que pelas lentes fossem transmitidas ao mundo a perfeição do show em sua máxima potência e preenchido com enredo. Se, semanas atrás, as urnas responderam a extrema-direita francesa, agora foi o evento inaugural da Olimpíada o responsável por evidenciar dívidas históricas e algumas das lacunas abertas pelo processo.

Toda essa mostra é muito do que se está no pódio ao sediar uma Olimpíada, tem esporte, mas é jogo elevar a história, política e cultura local. O Brasil com o Rio-2016, em meio a turbulência e golpe presidencial, passou – e ao mesmo tempo não – por esse momento de ser uma casa para uma parte do mundo e janela para a outra. Quem viu, viveu. O bom e o ruim. Agora foi a vez em Paris-2024.

Vai, Brasil!

Nossa dupla porta-bandeira foi revelada às vésperas do desfile. Raquel Kochhann (rugby de sete) e Isaquias Queiroz (canoagem) dividiram o papel e abriram os caminhos para uma nova campanha olímpica brasileira começar – daqui, a torcida é para que seja histórica.

Torcida diário

  • Dia 1 (sábado, 27)

No primeiro dia de jogos, disputas e classificações, a atenção precisou ficou duplicada. Nas quadras, duas derrotas em esportes coletivos. O vôlei brasileiro masculino não bateu de frente com a Itália, derrota por 3 x 1 e muita pressão para o próximo desafio diante da Polônia. O último encontro entre as seleções rendeu a eliminação do Brasil, em junho, na Liga das Nações.

No basquete, o time masculino voltou aos Jogos Olímpicos depois da ausência em Tóquio. A trajetória foi de superação e felicidade com a vaga conquistada no pré-olímpico. Chegar em Paris foi ótimo, estrear contra os donos da casa, nem tanto. No primeiro período tudo deu certo, do segundo em diante a França fez o resultado. Agora o duelo será contra a atual campeã do mundo, a Alemanha. Dureza.

Na natação, uma dupla de atletas foi responsável por marcas importantes. Guilherme Costa, nos 400m livre, fez um tempo que valeu recorde sul-americano e valeria medalha em outras edições. Não em Paris-2024. Maria Fernanda Costa, na mesma modalidade, levou o Brasil para a final pela primeira vez em 76 anos. Ambos ficaram fora do pódio, com carreiras promissoras para Los Angeles-2028.

  • Dia 2 (domingo, 28)

Um almoço de domingo diferente dos demais, à la Olimpíada o melhor do cardápio foi servido acompanhado por uma caprichosa porção de medalhas. Em cerca de 20 minutos o Brasil saiu do zero e movimentou o próprio quadro três vezes.

No judô, categoria até 66kg, Willian Lima se intitulou como primeiro medalhista brasileiro em Paris-2024 quando se classificou para a final. Veio a prata. Logo em seguida, Larissa Pimenta (até 52kg), garantiu o bronze nos detalhes. A terceira conquista foi definida com toque de fada. Rayssa Leal, no skate street, garantiu a nota do bronze na última manobra. Aos 16 anos, a jovem atleta tem um mágico par de medalhas olímpicas.

  • Dia 3 (segunda-feira, 29)

A foto do dia para a eternidade. Concorrente fortíssima ao registro mais expressivo das Olimpíadas. Gabriel Medina depois de pegar a onda perfeita, pedir o dez e voar ao lado de sua prancha – clicados parados no ar – alcançou o 9.9 que valeu um lugar nas quartas de final do surfe. Tudo isso contra o mesmo adversário da eliminação contestada em Tóquio, o japonês Kanoa Igarashi. Narrativas que só o esporte e suas fotografias guardam para sempre.

  • Dia 4 (terça-feira, 30)

Seleção. A equipe de ginástica artística do Brasil foi – pela primeira vez – ao pódio. Histórico! Passado de outras Olimpíadas e presente em Paris-2024. Não é preciso voltar tanto no tempo para perceber a rotina de tombos, cicatrizes, dores, superação, técnica, alegria, prazer e resultado. Teve um pouco de tudo isso no dia de hoje durante o circuito que valeu o bronze olímpico para o time formado por Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Júlia Soares. Brilhantes!

Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Júlia Soares, seleção brasileira medalhista por equipes nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 (Imagem: Time Brasil/Reprodução)
  • Dia 5 (quarta-feira, 31)

O futebol feminino classificou, não como esperado. Vai para as quartas depois de vencer apenas a Nigéria e sem Marta, expulsa no 1ºT da derrota de hoje para a Espanha. A próxima fase ganha ainda mais cara de Copa do Mundo, com todas as potências no páreo. O jogo contra a França será difícil, mas é um novo campeonato.

No judô, até 90kg, Rafael Macedo chegou forte para a disputa do bronze. Deu impressão de que acertaria a entrada de um golpe, na conclusão foi desclassificado pelo juiz e precisou dar adeus a medalha. Sensação muito parecida com a derrota de Rafaela Silva, dias atrás, definida pela regra. É isso.

Hugo Calderano, no tênis de mesa, venceu o francês Alexis Lebrun e avançou para as quartas de final. O resultado iguala a melhor campanha do Brasil em Olimpíadas, quando o atleta chegou nesta mesma fase em Tóquio-2020. No boxe, até 60kg, Bia Ferreira passou por mais uma adversária e, na semifinal, é certeza de medalha brasileira. Com o bronze garantido, já que na modalidade não há disputa de terceiro lugar, o ouro é o foco.

Acompanhe mais sobre esporte e o futebol da região ABCDMRR ao vivo toda sexta-feira, às 18h00, na programação da rádio Pérola da Serra

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