Dia 16 | Olimpíada: recorde de medalhas e um campo aberto para outros temas

Chegamos gigante no Japão, 302 atletas, cerca de 46% de mulheres, 125 experientes e 177 estreantes nos Jogos Olímpicos. Foram dias de suor, risos, choros e pedidos de desculpa… Não, desculpa não precisa

A porta-bandeira do Time Brasil, Rebeca Andrade, durante a Cerimônia de Encerramento da Olimpíada de Tóquio (Imagem: Miriam Jeske/COB)

Como último ato, duas medalhas de Prata muito valorizadas. No Boxe, Bia Ferreira fez uma jornada impecável até a final da categoria Peso Leve. Chegou forte, lutou muito, mas foi superada pela sua adversária. Coisas do esporte. A conquista fez a diferença no Quadro de Medalhas e, ainda mais importante, fará na escolha de jovens que deverão seguir nos próximos anos pela via do Boxe, que mostrou o seu poder na Olimpíada com três medalhas.
 
Bia Ferreira, Prata em Tóquio no Boxe (Imagem: Time Brasil)
 
A outra Prata, o último pódio do Brasil em Tóquio, foi com o Vôlei feminino. O favoritismo não estava do nosso lado. Assim, a partida se mostrou. Os EUA dominaram os três sets, sem correr risco. A técnica no passe, a qualidade na defesa e as variações para atacar, tudo era melhor no jogo das estadunidenses. Mas isso não torna o segundo lugar do Brasil algo para se olhar com desprezo. A Prata foi uma vitória. De uma campanha invicta até a grande final, que superou o baque pelo corte de Tandara e premiou Fernanda Garay e Camila Brait, que já anunciaram suas aposentadorias da seleção, e uma comissão técnica incrível liderada por José Roberto Guimarães.
 
Seleção brasileira de Vôlei comemora a Prata em Tóquio (Imagem: Gaspar Nóbrega/COB)

Acabou!

Chegamos gigante no Japão, 302 atletas, cerca de 46% de mulheres, 125 experientes e 177 estreantes nos Jogos Olímpicos. Foram dias de suor, risos, choros e pedidos de desculpa… Não, desculpa não precisa.
 
No país que sabota o seu povo durante a pandemia, indica medicamentos ineficazes, corrompe o processo de vacinação, que deixa queimar a Cultura e o Meio Ambiente, tudo como parte do projeto desgovernado de um presidente, com o esporte não seria diferente.
 
Falta estrutura, falta edital e o Bolsa Atleta, que contemplou 80% da nossa delegação, sofreu uma queda de incentivo durante o último ciclo. Com tantos tropeços no dia a dia, na Olimpíada sobrou garra, empenho e resistência do Time Brasil. O povo foi representado. Era a gente que estava no Japão, nós que somos um pouco da alegria da Rayssa, da leveza da Rebeca, com a força da Ana Marcela, a visão do Isaquias, a inteligência do Hebert e de Darlan, Maria, Alison, Mayra, tudo isso somos nós.
 
Cada medalhista, cada 4º lugar, cada presença do Brasil nas 35 modalidades que participamos foi gigante. Teve conquista histórica de pódios, 21 no total, e muita inspiração. Esse foi e é o Brasil, com medalha no peito, vacina no braço e recorde no quadro.
 
O Time Brasil superou as 19 medalhas conquistadas em casa, no Rio-2016. Nas medalhas de Ouro, empate, sete em Tóquio e sete há cinco anos. Nas de Prata, a mesma coisa, 6 x 6. A diferença veio na quantidade do Bronze, duas a mais que no Rio de Janeiro. Das Américas, ficamos atrás apenas de EUA e Canadá, com vantagem por três medalhas de Bronze a mais que o Brasil, que ocupou a 12ª posição no Quadro de Medalhas. Veja abaixo:
 
Brasil encerrou a sua participação em Tóquio 2020 com a 12ª posição no Quadro de Medalhas (Imagem: Olympics)

Esporte: Um campo para outros temas

E de cada fim o esporte se fez meio. Levantou, impulsionou, lançou e foi base para tantas outras discussões. De forma despretensiosa e deixando a surpresa de cada dia de Olimpíada levar o rumo desse Diário, vimos vitórias e derrotas, mas ganhamos campo para tratar de outros temas, como Políticas Públicas, Diversidades, Fair Play, Dor e outros assuntos levados por tabela.
 
Também tem o espírito Olímpico, mesmo que de vez em quando superado por um interesse particular ou pelo não cumprimento de um contrato, como na bola fora da CBF que passou por cima do acordo com o COB e não vestiu os jogadores com o agasalho do Time Brasil durante a entrega de medalhas do Futebol. Falta desnecessária. Mais um ponto para quem defende que o futebol masculino destoa dos demais esportes presentes na Olimpíada. Assunto para uma mesa redonda.
 
Por agora, não tem como, o pior momento dos Jogos é aquele em que o apito é final. Concordamos. Mas o mesmo cronômetro que marca o seu último segundo é o primeiro a zerar e começar a contagem tudo de novo. Para iniciar mais uma jornada, que em tempos de tantas transmissões e redes sociais nunca foi tão acessível acompanhar o ciclo Olímpico de uma/ um atleta ou modalidade.
 
Vamos de recolocar o sono no lugar, afinal, o fuso foi um baita adversário. Logo mais tem Paralimpíada e Paris-2024 é logo ali.
 
A chama não se apaga.

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