Diálogo se faz de fala e escuta, sem presença não se faz transparência
A semana foi com mais um encontro sediado no Consórcio Intermunicipal Grande ABC sobre a Lei Paulo Gustavo
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Encontro regional sobre a Lei Paulo Gustavo
O auditório do Consórcio Intermunicipal Grande ABC já reconhece alguns rostinhos militantes e resistentes que comparecem as conversas e colocam na roda questionamentos dos fazedores de Cultura da região ABCDMRR, solicitando explicações e propondo sugestões que saem direto dos Fóruns e Conselhos de Cultura que representam a sociedade civil.
Na roda formada no dia 4 de julho, a ausência dos gestores ou representantes do poder público das cidades se fez perceptível. A vinda de duas representantes da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo não foi o suficiente para que os gestores de Cultura locais se mobilizassem para essa conversa tão produtiva. Jenipher Queiroz e Mariele Pinatti expuseram como SP vai lidar com cerca de R$ 728 milhões que virão da Lei Paulo Gustavo e que, com certeza, impactarão diretamente nos municípios do Estado. Sentados ouvindo esses apontamentos somente dois gestores das sete cidades estavam presentes, o Diretor de Cultura Marcelo Dino, de Rio Grande da Serra, e o representante da SECULT de Santo André Mario Matiello.
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O que pode significar esse relaxamento no diálogo entre o poder público e a sociedade civil de forma regional?
É certo que as cidades fizeram escutas públicas de forma presencial e virtual durante o período de elaboração dos Planos de Ação, mas também é certo que os fazedores de Cultura da região apontam a precariedade do alcance desses debates, pensando na comunicação limitada que as prefeituras fizeram para abarcar as demandas das regiões periféricas de seus municipios e, em alguns casos, a escuta que não escuta, na falta de comprometimento com os apontamentos que a sociedade civil fez durante esse percurso e outros atravancos nessa “participação” exigida pela LPG.
Ter o Plano de Ação aprovado é só o primeiro passo nessa caminhada, um passo importante e que mostra a inteligência dos gestores em dar importância a um recurso historicamente nunca aplicado no setor cultural local; porém, daqui pra frente não vale passos para trás, precisamos avançar e isso se faz com o empenho dos gestores em participar, convocar e articular encontros como esse que aconteceu no Consórcio nessa última terça-feira, onde as dúvidas foram respondidas de forma pontual, foram apresentadas demandas dos trabalhadores da Cultura e o planejamento do Departamento de Cultura do Estado.
É importante saber que as cidades que conseguiram estabelecer uma conversa sem muitos ruídos tiveram maior assertividade em suas propostas e conquistaram um espaço mínimo de confiança com o setor cultural. Para um bom gestor meia participação não basta, então dar continuidade a esse engajamento é sinônimo de dividir responsabilidade com quem está disponível a jogar junto para uma gestão cultural compartilhada, transparente e fortalecida.
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Foi percebido que ter um lugar de participação efetiva dos agitadores culturais no Consórcio Intermunicipal Grande ABC é produtivo e gera debates sobre a transversalidade da Cultura na região. A colaboração da Agência de Desenvolvimento Econômico dentro desse contexto permite olhar para a geração de renda, emprego e sustentabilidade da economia criativa contribuindo inclusive com o fortalecimendo do prórpio GT de Cultura da instituição. Um círculo virtuoso que produz soluções e envolvimento de gestores e fazedores de Cultura, por isso, se faz necessária a manutenção dessa base de mediação que vem sendo estimulada pela instituição regional e efetivada pela participação dos interessados no desenvolvimento cultural das cidades, inclusive daqueles municípios que se afastaram do Consórcio, mas que são constantemente representados pelos artistas presentes nas conversas.
Gestão Cultural é bom demais quando se faz com várias cabeças pensantes, debates produtivos, escuta consciente de todes e, principalmente, quando há valorização do trabalho desse setor que cada vez mais se mostra necessário para a construção de uma participação cidadã e responsável com a produção cultural local.
Viva o povo aguerrido da Cultura do ABCDMRR!