HQuinta #4 | Penadinho e sua turma em uma jornada sobre a vida

Obra evoca referências da cultura pop, de mitologias e conta com o bom saudosismo dos gibis

Em Penadinho: Vida, lançamento de 2015 e sétima Graphic MSP, a graça da leitura é deixar-se deliciar por uma aventura fantástica, envolvente e que carrega consigo boas doses de profundidade, uma das marcas do selo.

A história inicia com o que parece ser mais uma noite comum das tantas no Cemitério. Penadinho e sua turma aproveitam o tempo, o clima e a estrutura do lugar para um bom e velho esconde-esconde. É nessa hora que uma visita inusitada muda todo o rumo da brincadeira e o assunto vira coisa séria.

Daí em diante, a dupla Paulo Crumbim e Cristina Eiko capricha no tom do roteiro, transitando por entre universos, do infantil ao adulto, sem receio de traçar uma jornada que parte dos sentidos e se lança aos mistérios da vida. Na trama, as personagens Dona Cegonha e Dona Morte, símbolos imponentes por si só, ganham pelos autores traços e movimentos correspondentes com a importância das suas figuras.

Como não poderia ser diferente, há espaço para um tipo de terror no quadrinho, daquele que evoca coisas do nosso imaginário. O Sr. Crowley, um apanhador de almas, que apenas por esse seu hábito já é de dar susto em qualquer um, é quem carrega o peso de uma espécie de vilão que se aproveita da fragilidade alheia para suportar sua própria existência. Medonho e de dar dó. Seus prisioneiros mostram pelos olhos o tamanho da gravidade da situação. Preciosidade da arte.

Assim, numa daquelas boas reviravoltas pregadas pelo tempo, o passado até se apresenta como uma casa assombrada, seja pelos arrependimentos, frustrações e desespero acumulados durante toda uma existência, mas é no presente que uma leve brisa pode mudar o rumo das coisas e tocar a alma. Penadinho e Alminha provam disso.

Penadinho: Vida (MSP/ Panini Comics)

Evocando referências da cultura pop, de mitologias e contando com o bom saudosismo dos gibis, a estreia de Penadinho nas Graphics até se apresenta como uma leitura repleta de gostosuras (aos cuidados da Torta de Mel) e travessuras, mas está para além disso, tornando a experiência um máximo de sentidos e sensações, uma verdadeira jornada sobre a vida.

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