69 anos de Ribeirão Pires e uma resenha do presente
Pelos cantos e contos da cidade fazedores de Cultura escrevem as linhas da Estância
Neste 19 de março, Ribeirão Pires completou 69 anos de emancipação política. Como um dos presentes, a cidade ganhou um Centro Literário, integrado ao espaço já existente e proposto para abrigar o acervo da Estância Turística – antes chamado de Centro de Exposições e História Ricardo Nardelli.
A inauguração, realizada na manhã deste domingo (19), apresentou os ambientes que formam o novo Centro Histórico e Literário Ricardo Nardelli: Coworking Municipal, Espaço Literário Oswald de Andrade, Centro Iracema Mathias Roca, Acervo Roberto Bottacin e Sementeira FLIRP. A proposta se mostra como extensão do capítulo escrito com a realização da I Feira Literária de Ribeirão Pires (FLIRP), em setembro de 2022, que rascunha sua segunda edição prometida para o segundo semestre deste ano.
Outra iniciativa integrada em breve ao local será a Academia de Letras de Ribeirão Pires. Tantas páginas apenas sublinham a vocação do município – casa de autoras e autores, escritoras e escritores, leitoras e leitores, pesquisadoras e pesquisadores – profissionais da escrita e amantes da leitura que fomentam e/ou consomem muitas vezes fora pelo pouco de alternativas dentro.
Até aqui nenhuma invenção. O prólogo lido sobre a nova proposta do espaço público parece novidade, mas o conceito reúne algumas reivindicações feitas pela sociedade civil organizada acerca do tratamento dado nos últimos anos à Biblioteca Olavo Bilac, lançada sem sede que lhe caiba e sufocada pelos efeitos naturais de quando naturalizado o descuido. Diferente disso, o Centro Histórico e Literário Ricardo Nardelli abriu suas portas se mostrando como um lugar de convivência, interação e pesquisa; com uma curadoria e estantes temáticas. Ponto.
Pela lógica, uma biblioteca necessariamente não se faz pela quantidade de livros, mas pelo cuidado e propósito para que seja viva, atraente e funcional. Atenta ao seu entorno. Do mesmo modo, um espaço público também precisa se fazer público. Formação. Gente. Não basta desenvolver a capa, o que interessa está no conteúdo, fica a expectativa para que não pare na mão da linguagem intelectual, difícil e elitizada, mas avance pela contramão – numa cidade que sente a falta de uma biblioteca municipal.
Que os atos não se deem pela conveniência, nem para vencer o discurso do tempo, como se a biblioteca fosse uma pauta do passado porque o presente se escreve pelo Centro Literário. Logo Ribeirão Pires que carrega as memórias póstumas do Teatro Euclides Menato, o dissabor ou desabar de uma relíquia como a Fábrica de Sal e vaga pelo ensaio sobre a demolição do Palco Central. Para citar algumas obras ou suas faltas.
E como essa resenha não é sobre finais, a próxima semana será marcada por outro começo: a Entoada Nordestina. Parte do calendário de eventos de Ribeirão Pires, a festa contará com feira gastronômica e programação cultural. Um edital de chamamento para artistas foi aberto e tem sido o modelo adotado, esse ponto é novo pelas linhas da Estância. Que a continuidade se faça teoria e prática, nunca um era uma vez.
Assim, a demanda por editais, ocupação dos espaços e conselhos efetivos para políticas públicas para a Cultura estão por todos os cantos e contos, todos os dias novas histórias estão prontas para rabiscarem páginas, cenas, muros, partituras, num ciclo sem fim, literalmente.