TL Fm na FliRP | Entre o diário e a resenha
Participação na feira literária de Ribeirão Pires rendeu encontros, histórias e muita troca de ideias
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Território Livre Fm em Rede e Matuta Ocupa na FliRP 2023
Foram dias de preparo. Organização. Rascunhos. Até que virou história. O final de semana de FliRP foi como tirar o livro do plástico, sentir o cheiro do papel e ler cada encontro sem piscar até a última letra da última página. Intenso. A segunda edição da Feira Literária de Ribeirão Pires, realizada nos dias 28 e 29 de outubro, foi para nós – Território Livre Fm – um pouco dessa reunião de sensações e muito a oportunidade para aumentar a rede sem sair do quintal de casa.
Neste ano, o evento celebrou Clarice Lispector e promoveu no entorno do Paço Municipal uma concentração de editoras, área de lançamentos, palco com mesas de conversa e atrações artísticas. Em trabalho conjunto, Território Livre Fm & Matuta – Mostra de Artes Gráficas e Literárias Independentes de Ribeirão Pires, criamos um espaço cativo e cativante, todo ocupado pelas palavras: as prontas nos livros de autoras e autores de Ribeirão Pires e região expostos n’A BanCa e as demais criadas pelas experimentações de colagem e tecladas numa máquina de escrever.
Tomado o Centro Novo, o sábado de FliRP foi livremente matutando! O coletivo Manda@Letra, formado por Márcia Plana, Valéria Aveiro, Valdemir Carmo e Marcos Moreira, lançou seu Surtos da Quarentena. Em conjunto com 40 ilustradores, o compilado apresenta uma história por dia com visão e estilo únicos sobre os temas da pandemia. Um registro ficicional sensível e reflexivo a partir da maior crise sanitária dos últimos anos.
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Para fechar o primeiro dia de evento, a calçada do antigo estacionamento 45º serviu de base para escritores, escritoras e entusiastas compartilharem trechos de suas obras e processos de criação. O icônico lugar de tantas histórias e celebrações na Estância virou ponto da palavra por toda uma hora. Wal Wolk, Valderez Coimbra, Jacque Cipriany, Lidiane Santana, Cecília Muniz e Robson Scobar foram alguns nomes presentes.
Domingo: a poesia na rua e do rap
No domingo de FliRP, 29 de outubro, o rap tomou o palco principal da feira literária, as ruas da cidade e a noss’A BanCa. Antes desse acontecimento, o trabalho começou mais uma vez pela via da exposição dos livros de autoras e autores de Ribeirão Pires e região, além de trafegar pela contramão do touch na tela para provocar o toque manual nos objetos. Imaginação e criatividade foram coautoras de zines, cartas e formatos variados de escritos sob orientação da equipe da Matuta.
Como apontava a previsão do tempo, o sol foi perdendo espaço para a chuva, que delimitou o espaço de atuação, sem comprometer o clima das boas trocas. A equipe Território Livre Fm em sintonia com o estúdio da rádio comunitária Pérola da Serra bateu um papo com Enrique Aue, poeta e responsável pelo título um pássaro, o tempo. A obra homenageia Ribeirão Pires, cidade dos pássaros que contrasta com municípios mais urbanizados do ABC – onde os pássaros e o tempo não fluem tão naturalmente, como descreveu o própio autor.
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“A Edição Barata, desde 2016, é uma autopublicação de um poeta pobre, no caso eu. A princípio a ideia era ser uma editora colaborativa, por enquanto é um laboratório. A feitura dos livros acabou sendo uma forma de reverter essa condição de mera limitação – de eu ter que fazer meus próprios livros porque senão eles não vão existir – eu comecei a pegar gosto para fazer da forma que eu quero que seja”, detalhou Enrique sobre sua iniciativa, pesquisa e trabalho, ações indissociáveis na sua proposta.
Outra assinatura do autor é o trato manual apresentado em cada título do seu catálogo, além de cada livro se abrir poeticamente aos questionamentos coletivos. “Fora o traço artesanal que eu vou aos poucos entendendo, cada livro é único, fui eu que fiz com as minhas mãos, cada página foi dobrada por mim e é finito como eu sou finito. É raro como cada momento de cada pessoa é raro. É um livro (um pássaro, o tempo) sobre mudança. De casa, interna, da natureza e da necessidade das mudanças sociais”, finaliza Enrique.
Já no cair da tarde, na programação do palco principal da FliRP, Preto WO puxou as batidas, rimas e poesia. O pocket show de rap abriu a mesa A Literatura no Hip Hop, que conversou sobre trajetórias, trabalhos e a leitura como ponto de (trans)formação. Cristina Macena mediou a conversa com Sacolinha, Eduardo Taddeo e Markão II. Respeito, atenção e potência ecoaram no espaço dividido e ocupado pelo público.
A resenha continuou n’A BanCa do Território Livre Fm, por entre livros e a máxima satisfação. Nosso microfone captou um recorte da atuação do escritor Sacolinha, incentivador da escrita e leitura nas escolas, que também nos presenteou com o fanzine Vasto. Tema: Literatura Erótica e Identidade Negra, organizado no Projeto Comunidade do Conto.
“Venho diretamente de Suzano, muito feliz, com muito prazer, porque durante anos vimos a derrocada dos projetos literários pelo país. Ver o nascimento de feiras como essa (a FliRP) é muito importante, porque quando a gente vai incentivar a leitura, principalmente na periferia, não é só com livros num dia frio e num bom lugar, a gente quer ensinar a juventude que empina pipa que não precisa só do livro pra sentar e ler”, contou Sacolinha.
O autor continuou o bate-papo com apontamentos sobre novas maneiras de formação e estímulos para jovens leitores e leitoras. “O incentivo à leitura é quando por exemplo eu com o meu projeto Literatura e Paisagismo: Revitalizando a Quebrada peço um muro para um morador, recupero o espaço, contrato um grafiteiro com a venda dos meus livros e ele coloca minha poesia no muro. A gente planta uma árvore e aquele lugar que antes estava abandonado vira espaço de convivência e admiração.” Viva, a leitura viva!
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Até a próxima!
Somos o que somos e isso é o que nos movimenta, Território Livre Fm & Matuta na FliRP 2023 foi (é) sobre nós, os encontros, as resenhas e sobre escrever mais um capítulo de uma história!
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É nóis! E estamos prontos para a próxima… Continua!