Um domingo de histórias da serra e do cambuci

Tinha um sanfoneiro no canto – não era da rua, mas do antigo Parque Pérola da Serra. Fazia floreio no meio da neblina pra toda gente dançar. Cordas, flautas, percussão e poesia, manacá ou quaresmeira, o grupo Cambuci tinha pra vender quem quer comprar. Com a trilha de Feira de Mangaio fez-se a última parada do show de estreia do projeto Caminhos e Trilhos, que terminou já coberto pela noite deixando uma vontade incomum de voltar para o bom calor de dentro daquele trem.

Numa viagem musical percorrendo a linha do imaginário individual e do coletivo, o Cambuci da Serra desvelou com sua sonoridade uma porção de elementos familiares. Gostos conhecidos permearam o todo da inédita apresentação. Estações de um tempo passado ganhavam formas saídas do meio da cerração que tomava o alto do parque. Os sons, histórias e cartões postais adjacentes de cada faixa saltavam pontos conhecidos que vi, ouvi ou vivi, do tanto que chegava das canções de passageiro me via parte de três histórias, na escuta da que pelo grupo era contada, a minha que eu lembrava e a que naquele espaço de tempo – domingo, 14 de julho de 2024 – fez seu pilar e escrita.

Quem é ser de Ribeirão Pires sentiu mais uma vez e sabe que nem mesmo um nevoeiro pode esconder o risco de um cometa chamado cultura. É da nossa natureza, a música, a literatura, dança, teatro e tantas mais expressões que aos seus moldes fazem arte em sua olaria, tijolo por tijolo. Que as políticas públicas – Paulo Gustavo, Aldir Blanc e as que mais embarcarem sejam a temperatura constante para uma Estância que nunca deixou desaquecer o trabalho cultural do dia a dia. Viva a serra e o cambuci. Viva, Cambuci da Serra!

O grupo Cambuci da Serra é formado por Luís Fernando Falcon, Rodrigo Silva, Marta Roca, Guilherme Monteiro e Bárbara Girão; o projeto Caminhos e Trilhos foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo e o álbum está disponível nas principais plataformas de música.

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