HQuinta #2 | Astronauta: Magnetar, um marco no tempo
Há quase uma década, Astronauta: Magnetar inaugurou o selo Graphic MSP, uma coleção que conta, atualmente, com 30 títulos, além de outros já anunciados
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Astronauta: Magnetar é uma história que diz muito sobre o tempo. De quando a obra foi publicada, em 2012, escrita por Danilo Beyruth. Do momento em que o personagem foi criado por Mauricio de Sousa, no ano de 1963. E, até mesmo, sobre os nossos dias atuais, tempos de pandemia.
Há quase uma década, Astronauta: Magnetar inaugurou o selo Graphic MSP, uma coleção que conta, atualmente, com 30 títulos, além de outros já anunciados. Neles, os personagens criados por Mauricio de Sousa ganham novas jornadas pelas mentes criativas de artistas da cena brasileira de quadrinhos.
Na obra de estreia do selo, Danilo Beyruth apresenta o Astronauta em uma viagem pelo Universo, numa busca particular do personagem. Ele quer ser o primeiro a presenciar um evento espetacular, o Magnetar, que tem início nos estágios finais da vida de uma estrela até se tornar um fenômeno de tamanho e consequências desconhecidas.
Assim, no meio de sua ânsia pela pesquisa, a tentativa de se lançar ao infinito espacial se transforma em algo tão único e complexo quanto o que tinha projetado. Astronauta se encontra diante de si mesmo, com suas limitações, memórias e sentimentos, um abismo e tanto para se aventurar. Nesse cenário caótico, cada virada de página é uma explosão de cores e surpresas. Beyruth consegue brincar com as sensações, entre o deleite do passeio espacial e o desespero por cada novo acontecimento.
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Em Magnetar, o Astronauta leva consigo o que de melhor a tecnologia pode lhe oferecer, trajes sofisticados, típicos de super-heróis, até os recursos de uma inteligência artificial, companheira para quase todas as horas. É uma roupagem que acompanha o presente, mas não deixa de saudar o personagem que fez história nos seus primeiros passos fora da Terra na década de 60, nas tirinhas de jornais, antes de muitos blockbusters e clássicos da ficção científica dos cinemas habitarem os imaginários.
Outra referência possível de captar em Magnetar é a crônica Solidão, de Luis Fernando Verissimo. A escolha de Beyruth para apresentar a passagem de tempo é algo completamente provocante e desafiador. É preciso passar com o personagem dia por dia. Essa é a narrativa. Esse é o peso. Contar cada quadro da rotina diária de um astronauta náufrago no espaço. A transição é perfeita para apresentar o novo homem. Para compreender o seu olhar, cabelo, barba, pensamento, todo o seu corpo atravessado pela situação que está vivendo. Enquanto isso, fora das páginas, ainda em isolamento social devido à pandemia, a vista de tudo isso cria conexões atualizadas, de certa forma um tipo de compaixão pelo personagem habita esse momento da leitura.
Entre a estagnação e a avidez, Astronauta busca uma ferramenta que possa reparar o estrago causado pelo que veio de fora, mas vai aos poucos percebendo a gravidade daquilo que está dentro de si, preservado, e que se apresenta como um caminho para tentar sair do lugar. Como uma voz que chama.
Dessa forma, com uma história sofisticada, a obra se apresenta como um eco de tantas épocas, da estreia do personagem até ganhar a sua própria Graphic, que inaugura um selo em 2012 e até hoje cativa novos leitores. Por tudo isso, Astronauta: Magnetar é um marco no tempo.
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Astronauta: Magnetar tem história e arte por Danilo Beyruth; cores de Cris Petter; publicado pela Panini, o título inclui glossário e galeria de extras, em capa dura e cartonada.